31 Voltas ao Sol - Lição nº8

Estar em Natureza

Não há momento que nos eleve mais ou que nos reduza a nada, como aquele em que estamos rodeados pela natureza. Natureza nua e crua...esqueçam a cidade ou o banco do jardim, ou a praia em Agosto a transbordar de cheiro de protector, do diesel dos barcos, da conversa incessante ou dos "sonoros" dos telemóveis e das colunas. Natureza aquela que todos os anos vemos destruída no nosso país por falta de ordenamento, de investimento e de cuidado no geral.

Estou a falar daqueles momentos em que estamos no meio do nenhures, no meio do aparentemente nada...até que ao desligarmos os sentidos acordamos o consciente para o som da folha da árvore que cai morosamente, o som da formiga que carrega a semente, a pulga da areia que escava a sua saída, a abelha que poisa numa flor, o bater das asas de um pássaro algures, o som do vento nas árvores como se nelas estivesse a folhear um livro. E neste estado latente de consciência e de perda, finalmente vem aquela sensação incomensurável de que somos nada...de que o mundo continua o seu passo lento independentemente de aqui estarmos ou não, da imensidão do nosso nada que é a nossa existência comparado com o tudo que nos envolve.

Mas ao mesmo tempo que esta sensação de nada arrasta o nosso egocentrismo e o que resta dele até à última camada da Terra, também nos eleva à maior das alturas. Pois eis que aceitando o nosso nada, ganhamos a noção do tudo. E tudo parece começar a encaixar e a fazer sentido. A parte integrante que o nosso nada tem no mundo. Apercebemo-nos da completa benção que é ter este tudo ànossa volta e com isso desperta o sentido de responsabilidade do que fazemos e construímos à nossa volta, quando olhamos para o nosso nada e o vemos como parte integrante de um conjunto de interações e ligações com o mundo natural que nos rodeia. E ultimamente percebemos o quanto podemos fazer, seja para o nosso nada, seja para o tudo que nos rodeia.

Há quem chame a estas sensações grounding...uma técnica terapêutica que envolve assentar "com os pés na terra" e reconectarmo-nos electricamente com a Terra. Andamos todos assentes em solas de gigantes com nomes como a Nike e a Adidas, e afinal a sola dos nossos pés consegue em si só transportar e melhorar a nossa ligação com tudo o que nos rodeia...curioso.

Pois bem esta noção que até aqui neste pequeno Portugal tem "dizer" próprio:

- Ter os pés assentes na Terra!

conduz-me a uma teoria que desenvolvi aos poucos e que às vezes quando a (desculpem me a expressão) merda à nossa volta acumula e parece preencher as paredes do nosso coração e mente uso para me acalmar. Vou ao quintal, ao jardim, à praia...respiro e penso...as moscas existem, sim as moscas vivem a chafurdar na "merda" e vivem o tempo que andam por cá...não precisam da última moda, da última tecnologia, da carreira "xpto", da casa de revista...simplesmente existem...ouço as gaivotas ao longe e mais uma vez penso...as gaivotas, as girafas, as formigas, os peixes, as conchas ali estão e simplesmente existem. O tempo por elas passa da mesma forma que para nós. E nós aqui estamos em sofrimento, criado por nós próprios, a viver em círculos e mais círculos, de mais e mais e mais e nunca menos. Por isso relaxo....respiro e volto ao nada e percebo que a merda encrustada nas paredes é jogo de fumo e luzes da sociedade e de todas as suas criações, abro a janela e deixo o fumo sair e a luz natural preencher esse espaço outrora escuro e malcheiroso...e finalmente abro os olhos para as sensações prazeirosas do tudo....do simplesmente....VIVER!

Um aparte: neste momento já podem deixar um comentário no site, basta para isso serem subscritores e fazerem sign in. Se fizerem scroll até ao final de qualquer post do site podem lá escrever os vossos comentários ou sugestões!

Até à próxima! e bons "groundings"!

Tempo de elaboração e edição: 1 hora

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