Paz e Guerra
Guerra...eis uma palavra que estamos habituados a ouvir nas notícias mas que raramente sentimos no nosso coração. Porque é que uma guerra é mais importante nos nossos corações do que tantas outras que há anos e décadas têm ocorrido noutros países e noutros continentes? Será que é porque estamos mais perto? Será que é porque talvez conheçamos pessoas que nos são próximas que vieram desse país? Será que é porque sentimos que podemos ser o próximo alvo? Será hipócrita sentirmos mais ESTA guerra nos nossos corações e consciência do que as outras? Será que vivemos adormecidos em imagens repetidas de sofrimento e escolhemos alhearmo-nos destas porque não fazem parte da nossa fronteira? Porque não eram os nossos amigos? Não consigo arranjar respostas para estas perguntas e por isso tentei vir aqui e escrever este post, este desabafo.
Milhares de pessoas...milhões de pessoas sofrem todos os dias no nosso planeta e nós seres humanos criámos estas fronteiras e linhas geopolíticas para nos organizarmos melhor num território que genericamente não passa de uma bola gigante a rodar no ar. Um território imenso parte de um todo e não feito de partes. No entanto, cá estamos mais uma vez...
Talvez o combate a esta guerra invisível que se chama COVID-19 nos últimos dois anos, inimigo que não conseguimos ver mas que nos amordaçou nas nossas casas e os nossos corações obrigando ao distanciamento e a adiar por várias vezes os eventos da nossa vida tenha-nos unido. Fruto dessa união, na qual tivemos que dizer adeus, viver vários meses de isolamento de quem gostamos e adiar sonhos, talvez tenha resultado o nascimento de uma sensibilidade colectiva mundial que nos permite desta vez sentirmos mais ESTA guerra. Mais esta do que qualquer outra. Talvez estejamos fartos, e agora que o mundo parecia começar a respirar fundo de novo, estamos agora a testemunhar ao minuto o sofrimento de tantos cidadãos desta Terra. Por razões que ainda não são claras ou não se querem claras.
A verdade é que o sofrimento que testemunho hoje também tem mais impacto do que há dois anos atrás porque agora sou mãe. Quando olho para as mães e crianças na incerteza, quando vemos as despedidas dos pais que têm que ficar e lutar. O adeus nos olhos e na expressão mas também a superior calma de quem enfrenta o incerto e o desconhecido são abaladores. Hoje olho para eles como olho para a criança que tenho no meu colo, e sem religião e ateia, pergunto-me:
- Meu deus, porquê?! Para quê??
A sensação de impotência que nos abala o ser é total. O que posso EU fazer? Eu nem sei a história deste conflito. Por isso não vou aqui falar de coisas que desconheço. Mas uma coisa que sei é ser HUMANA. E ser humano é, contrário àquilo que muitos acreditam, ser generoso, ser bondoso, ser irmão do próximo porque no fim de contas se nos víssemos da lua cá para baixo somos todos uma espécie onde as fronteiras e as nacionalidades não são nada comparados com a verdadeira essência do que NÓS somos. EU posso não conseguir fazer nada contra qualquer um destes ditadores, destes seres egoístas motivados por razões alheias que não consigo compreender, nada posso fazer contra este que ataca aqui nem os outros que atacam lá mais longe e que eu "aparentemente" não sinto tanto.
Mas aqui vem o meu amigo Tolkien ajudar-me. Um homem e autor conhecido que nas suas obras tem muitas passagens cheias de significado de alguém que também esteve numa guerra e ele usando as suas inesquecíveis personagens diz-nos:
Por isso por mais insignificante que achem que seja o que podem fazer, façam-no. Não interessa a "dimensão" do que fazemos ou o "quanto" damos, o importante é fazermos e darmos o que podemos, dentro das nossas possibilidades. Ontem deixei algumas coisas num ponto de recolha, coisas que não precisava, coisas que acumulavam pó e não eram úteis, mas que amanhã podem ser o tesouro ou o alívio para alguém. Se não quiserem dar nada ou não podem, existem actos de todos os dias que são relevantes. Se são pais ensinem os vossos filhos todos os dias a importância do amor e tolerância, fomentem esses sentimentos na vossa família e na relação com os outros. Se são educadores façam o mesmo. Se são líderes em empresas, negócios ou na função pública pratiquem esses valores todos os dias no que fazem e no que promovem. E mais do que tudo se são HUMANOS como eu, todos os dias são dias bons para praticarmos o amor próprio e amarmos o próximo. Não interessa serem perfeitos mas sim o percurso de nos tornarmos na melhor versão possível de nós mesmos. Porque muitas vezes:
Um abraço a todos os que me seguem e um abraço ao Mundo, do meu coração para o vosso!
Até ao próximo post!
Tempo de elaboração e edição: 2 horas
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