31 Voltas ao Sol - Lição nº11

Fazer voluntariado q.b

Olá malta! Aqui vai mais uma lição e esta é daquelas que só sofrendo é que se aprende.

Para quem não me conhece há muito tempo, eu nem sempre vivi e trabalhei de modo eremita enfiada em casa num buraco. Nope! Desde que me lembro que quando me lançavam um desafio lá ia eu toda lançada...

Desde brincar aos " Chuvas de Estrelas" e fazer grupos de dança e coreografias na primária, a fazer manifestações contra o abate de pinheiros na escola agarrada a árvores à frente de operários confusos, a construir cartazes e mandar vir com o professor da 4ª classe por não nos dar aulas e andar metido mais de metade do tempo na sala da direção com directora 😉 e depois nas aulas atirar-nos com borrachas e réguas à cabeça. A participar em concursos de jovens cientistas e investigadores, a criar seminários sobre energias renováveis, a aprender a ser assistente de produção em documentários, a ir aos sábados de manhã a conferências e seminários onde só adultos se viam na plateia porque gostava dos temas expostos,  a ajudar e servir clientes em lojas de roupa em 2ªmão, a fazer voluntário em várias organizações.

Devo dizer  que talvez este seja o período da minha vida, na qual mais me tenho centrado em mim e nas coisas que EU quero fazer e mudar pelas minhas próprias mãos.

No entanto e apesar de algumas das experiências que falei anteriormente não sou uma expert nesta matéria.  Mas aprendi muito a trabalhar e a explorar este mundo infindável de ações de voluntariado, de ativismo e de intervenção social e ambiental.

Uma das grandes desconstruções da minha geração, eu creio, é sobre este mito de que fazer a escola toda com 4 e 5's e depois seguir para o secundário e depois ir tirar um curso na universidade é que é o futuro, BADUM! Não é verdade. Chegamos à faculdade e a meio falam-nos de soft skills, mas que raio são soft skills?! Perguntamo-nos? Então não era só tirar boas notas e entrar no curso?!

Nope! Vimos a descobrir que todas as nossas aptidões naturais como a nossa capacidade de observação, criatividade, empreendorismo e ações de voluntariado, desportos que praticámos, etc..., afinal pelos vistos têm valor. No entanto, é preciso ter tempo para essas coisas e para desenvolver essas aptidões. E muitas vezes no meio da universidade e do trabalho, no geral, estas aptidões naturais perdem-se com o desgaste e com a exigência das nossas tarefas. E mais do que isso, é preciso ter tempo para essas coisas e na faculdade e no pós faculdade nem muita gente o tem.

Muitos vão fazer voluntariado: por uma questão de princípio, por uma questão de educação, ou porque simplesmente querem ganhar experiência e adicioná-la ao currículo, ou porque simplesmente acreditam que essas ações que desenvolvem são concretas e vão ajudar nalguma coisa. Eu não ponho aqui em causa nenhuma dessas motivações. O que eu venho aqui partilhar convosco é um aviso⚠️! Um aviso para todos aqueles que altruistamente, por uma ou outra razão, antes, durante ou depois do seu trabalho ou faculdade, ocasionalmente fazem voluntariado. Porque se não for por algo em que se envolvam ocasionalmente, se fizerem parte activamente de ONG's por exemplo, mais cedo ou mais tarde, se forem pessoas que "metem mãos à obra" poderão ver-se a ser esticados em trabalhos não remunerados que vos vão ocupar muitas vezes o tempo de um trabalho parcial ou até integral, sem estarem à espera.

Eu acredito no poder do voluntariado para o bem e para a evolução positiva da comunidade em que vivemos. Mas também sei que esse poder muitas vezes é usado para explorar pessoas, generosas ou ingénuas, a fazer e a trabalhar de borla. E o mais engraçado é que estas pessoas se forem como eu, antes de perceberem o que se passa sentem-se mal consigo próprias, por estarem elas próprias a sentirem que não podem dar mais.

Por isso o meu conselho é que sempre que optem por fazer voluntariado, quer seja como um elemento interno ou externo da ONG em que o vão fazer, façam-no sempre com os limites do que para vocês é o razoável. Deêm o vosso tempo e o vosso know-how ou o vosso expertise sem sacrificarem o vosso tempo para as coisas que vos são importantes, só porque acham que estão a ser más pessoas se não disserem que SIM a mais um desafio, mais um projecto ou mais uma tarefa. E atenção! Esta lição é aplicável à vossa vida familiar e profissional também! Saber dizer que não e impor os vossos limite é importante. Não só para vocês mas para com quem vivem e trabalham. Permite que vocês não excedam a vossa capacidade do que têm para dar aos outros, e dessa forma conseguem manter uma relação positiva com os objectivos, tarefas e/ou projectos que abarcaram. E ao mesmo tempo as pessoas que fazem parte das vossas chefias, equipas, família e/ou amigos também sabem qual é o vosso treshold, o quanto verdadeiramente podem contar convosco e o que podem NÃO contar.

Deêm um pouco do vós àquilo que acreditam, mas não deêm aquilo que vai para além da vossa capacidade de dar. Porque quando derem mais aqui e ali, mais cedo ou mais tarde,  esse redbull de energia pura que dão de boa vontade vai ficar cada vez mais escasso e um dia já não há mais uma gota sem ser a sombra do que antes lá existia. E aí vocês têm que reencontrar, em vocês mesmos, forma de preencher esse vazio ou então verem-se a cortar drasticamente a capacidade de assumir mais responsabilidades, mais objectivos e aí ficam a sentirem-se mal convosco próprios e quem de vocês esperava mais fica também igualmente decepcionado.

E por hoje é isto. Espero que entrem neste novo ano com a consciência certa do quanto podem dar de vocês próprios ao mundo, salvaguardando tempo para vocês mesmos e o vosso bem-estar! Até ao próximo post!

Tempo de elaboração e edição: 2 horas

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